Um relatório publicado nesta terça-feira (24) revela uma contradição nas políticas da França sobre pesticidas. Embora o país critique o Brasil pelo uso de substâncias proibidas na União Europeia (UE), investigações das ONGs Public Eye e Unearthed, vinculada ao Greenpeace, mostram que a França continua exportando esses mesmos pesticidas para o Brasil.
O levantamento aponta brechas na lei francesa, que permitem que multinacionais como Corteva e BASF exportem substâncias ativas não permitidas na UE. A Lei de Agricultura e Alimentação, em vigor desde janeiro de 2022 na França, proíbe a exportação de produtos que contenham substâncias banidas, mas não impede a exportação das substâncias puras.
Assim, em 2023, mais de 7.300 toneladas de pesticidas proibidos foram exportadas, sendo o Brasil o principal destino, com 2.997 toneladas. A Ucrânia, Argentina e México também estão entre os maiores importadores. O inseticida fipronil, exportado pela BASF, é apontado como responsável por 70% dos casos de intoxicação de abelhas no Brasil, segundo o apicultor Ricardo Orsi.
A investigação destaca o efeito bumerangue dessas exportações, com os pesticidas retornando à França em produtos agrícolas importados. Além disso, há preocupações com a poluição de fontes de água próximas às fábricas na França. A deputada Delphine Batho classificou como “vergonhoso” o fato de empresas explorarem falhas legais para continuar vendendo substâncias perigosas a outros países.
Fonte: diariodocentrodomundo